10 de janeiro de 2023

Criança com TDAH pode jogar horas de videogame, mas não se concentra na aula: entenda o motivo

Por que a criança com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) pode ficar horas jogando videogame e não consegue se concentrar na aula?

A capacidade de prestar atenção é fortemente regulada pela motivação. Assim, todos terão maior capacidade de manter atenção numa atividade motivadora.

Atividades altamente compensadoras, como jogar videogame para quem gosta, inundam o cérebro de uma substância chamada dopamina, e assim mesmo crianças com TDAH podem jogar por horas caso gostem.

O problema do TDAH é a habilidade de sustentar a atenção e inibir os movimentos do corpo nas atividades do dia a dia em que não há motivação tão forte para manter o cérebro altamente estimulado.

Uma criança sem TDAH entre o quinto e sexto ano escolar é capaz de se manter sentada e atenta mesmo durante uma aula que não seja tão motivante. A mesma situação para uma criança com TDAH será mais difícil, pois seus circuitos cerebrais que controlam a atenção e inibem os movimentos corpóreos excessivos não funcionam como na média das crianças sem TDAH da mesma faixa etária.

Se uma criança com TDAH se esforçar mais, ela poderá prestar atenção como uma criança sem TDAH?

Os mecanismos de atenção e controle de impulsos não podem ser controlados exclusivamente pela vontade. É preciso mais do que desejar fortemente prestar atenção. É preciso que as estruturas cerebrais responsáveis pela concentração e controle inibitório dos impulsos e movimentos estejam íntegras e plenamente funcionantes. Nas crianças com TDAH, essas estruturas não estão plenamente funcionantes.

Sendo assim, achar que alguém com TDAH conseguirá prestar atenção se fizer um esforço maior é o mesmo que acreditar que alguém com dificuldade de ouvir ou ver conseguirá fazê-lo somente se esforçando mais.

E como é possível que a criança com TDAH, ao passar pela consulta médica, permaneça mais atenta do que na escola?

A consulta médica e outras situações de estresse liberam substâncias (como a norepinefrina) que ativam o cérebro e potencializam os mecanismos de atenção e controle dos impulsos motores e do comportamento.

No dia a dia do estudo na escola e em casa, esse tipo de ativação por estresse não costuma acontecer e o cérebro da criança com TDAH funciona da sua maneira habitual, resultando em dificuldades de manter o foco e o repouso motor necessário a atenção sustentada.

Manter uma criança sob estresse por muito tempo, por meio de pressão psicológica, buscando melhorar sua atenção, irá prejudicar a saúde emocional e a capacidade de memorização. Por isso não pode ser um meio de conseguir e manter a atenção da criança com TDAH.

Isso significa que a criança não precisa se esforçar? Basta usar um medicamento ou frequentar terapia com psicóloga ou psicopedagoga?

Qualquer situação desafiante na vida precisa de esforço para ser superada. No TDAH não é diferente. É preciso engajamento da criança, de sua família e da escola para fazer os ajustes e tratamentos necessários para potencializar a atenção e controle inibitório da criança.

A atenção e controle de impulsos em parte dependem de esforço e vontade, mas somente o esforço e a vontade não são suficientes, pois não corrigem o funcionamento das vias cerebrais responsáveis!

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