29 de junho de 2022

Autismo

O que é o autismo ou transtorno de espectro autista (TEA)?

O transtorno de espectro autista (TEA), frequentemente chamado de autismo, modifica de maneira persistente e precoce a forma como a pessoa interage com o mundo.

As diferenças se manifestam no modo da pessoa se comunicar e entender outras pessoas, e nos comportamentos observados frente a situações habituais.

Na prática observam-se padrões diferentes de comunicação e interação social, com impacto na reciprocidade social, comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social (como olhar nos olhos) e habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos.

Além disso, observam-se comportamentos e interesses em atividades de padrão que pode ser mais restrito, fixo e/ou repetitivo.

Por que a palavra “espectro” no termo transtorno de espectro autista (TEA)?

Nem todos com autismo pensam e agem da mesma maneira. A palavra “espectro” se refere às inúmeras possibilidades de manifestação das diferenças de comunicação, interação social, comportamentos e interesses que uma pessoa com TEA pode ter.

E o que significam os termos neurodiverso, neurodivergente e neurotípico?

Os termos “neurotípico”, “neurodivergente” e “neurodiverso” têm por objetivo descrever o autismo de um modo mais abrangente. Atualmente, esses termos não representam categorias médicas formais. 

O termo “neurotípico” descreve indivíduos com desenvolvimento ou funcionamento neurológico que não está no espectro autista, ou em outras condições do neurodesenvolvimento.

Já os termos neurodivergente ou neurodiverso são utilizados para descrever pessoas que estão dentro do espectro autista, e mais recentemente, que possuem outras condições associadas ao neurodesenvolvimento, como o TDAH. 

Algumas pessoas com autismo e no movimento da neurodiversidade usam os termos para promover a aceitação, respeito e reverência às diferenças.

Qual a frequência do autismo ou transtorno de espectro autista (TEA) nas crianças em geral?

Aproximadamente uma em cada 44 crianças são diagnosticadas com autismo até completar oito anos. O autismo acomete quatro vezes mais meninos que meninas.

Por que parece que o autismo ou transtorno de espectro autista (TEA) está aumentando?

O número de crianças com diagnóstico de TEA aumentou desde a década de 90, o que pode ter sido causado pelos seguintes fatores:

  • As famílias são mais conscientes da existência do TEA e procuram o médico com maior frequência;
  • Há recomendação atualmente de que pediatras busquem ativamente por sintomas de autismo quando as crianças completam 18 e 24 meses, o que pode aumentar a referência a profissionais capacitados no diagnóstico;
  • As escolas estão mais conscientes da existência do autismo e referenciam as crianças para profissionais capacitados no diagnóstico;
  • Houve modificações na forma como o autismo é diagnosticado.

Quais foram as modificações nos critérios diagnósticos de autismo ou transtorno de espectro autista (TEA)?

No passado, somente crianças com apresentação mais acentuada dos sintomas de autismo recebiam o diagnóstico.

Em 2013, baseado em avanços nas pesquisas médicas, casos mais leves também passaram a receber o diagnóstico e orientação para melhora dos aspectos sociais e de comportamento com impacto negativo na vida pessoas que têm autismo.

Quais são os sintomas principais do autismo ou transtorno de espectro autista (TEA)?

Alguns sinais precoces podem ser reconhecidos antes de um ano. No entanto, os sintomas costumam ser mais evidentes entre dois e três anos.

Em alguns casos o impacto funcional relacionado ao autismo pode ser leve e pouco perceptível até as crianças começarem na escola, quando se tornam mais pronunciados, na medida em que a criança é observada junto aos seus colegas.

Os aspectos principais no âmbito social podem incluir:

  • Redução no compartilhamento de interesses com outros;
  • Dificuldade de reconhecer as emoções dos outros e as próprias emoções;
  • Dificuldade em manter contato visual;
  • Redução do uso de gestos (linguagem não-verbal) na comunicação
  • Fala com pouca variação de entonação ou excessivamente formal, ou com ritmo diferente do habitual;
  • Dificuldade de compreender situações abstratas e piadas;
  • Dificuldade em fazer e/ou manter amizades;
  • Dificuldade em começar uma interação ou brincar com outra criança.

Do ponto de vista dos comportamentos e interesses restritos e repetitivos pode ser observado:

  • Comportamento inflexível/grande dificuldade em lidar com mudanças;
  • Ser muito focado em certos temas mostrando pouco interesse por outros;
  • Esperar que as pessoas tenham um interesse tão grande por esses assuntos específicos como a pessoa com autismo tem;
  • Grande interesse por coisas que rodam ou brilham;
  • Hipersensibilidade sensorial (sensibilidade aumentada a ruídos) ou hipossensibilidade (certa redução a algumas sensações como frio e calor, dolorosa e etc);
  • Movimentos estereotipados das mãos e do tronco, especialmente quando muito feliz ou muito frustrada;
  • Repetição imediata ou tardia da fala de pessoas ou filmes/desenhos animados, com intenção comunicativa indireta ou ausente;
  • Mania de arrumar/agrupar objetos, sofrendo quando eles são retirados da ordem.

Cada criança com autismo é única e não deve ser tratada da mesma forma. Caso a família, a escola ou os médicos desconfiem do quadro, a criança deve ser avaliada por um profissional capacitado no diagnóstico, como um neurologista pediátrico.

Quais são os benefícios da identificação precoce do autismo ou transtorno de espectro autista (TEA)?

As pesquisas médicas apontam que quanto antes o diagnóstico for realizado, mais precocemente intervenções direcionadas para melhoria das questões sociais e comportamentais com impacto negativo podem ser implementadas, o que costuma trazer melhores resultados.

Além disso, crianças com autismo têm mais chances de ter outras condições associadas, que precisam de acompanhamento e atenção específica. Dentre elas estão problemas para se alimentar, para dormir, crises epilépticas, ansiedade, irritabilidade.

Existe algum exame de laboratório para diagnosticar o autismo?

É importante ressaltar que nenhum exame de sangue, urina, de ressonância magnética ou eletroencefalograma dirá se seu filho tem ou não autismo. O diagnóstico é baseado exclusivamente na presença de critérios diagnósticos clínicos.

Os especialistas usam diferentes formas de avaliar seu filho clinicamente para chegar ao diagnóstico de autismo. Isso irá incluir:

  • Conhecer o histórico detalhado do seu filho desde o nascimento, assim como seu histórico familiar;
  • Observar o comportamento do seu filho, bem como a forma como brinca, interage e estabelece relações sociais;
  • Coletar informações sobre o comportamento do seu filho em outros ambientes, como escola, terapias e etc…
  • Certificar-se de que o que foi observado e relatado não possa ser justificado por outras condições que não o autismo. Para isso podem ser necessários exames complementares.

Como o autismo é tratado?

O autismo não é uma condição curável. Ele é uma forma diferente, ou para ser mais apropriada, neurodiversa de ser. O objetivo do acompanhamento é oferecer e potencializar ferramentas para que a criança dentro do espectro autista e sua família possam lidar com os desafios de ter autismo.

O acompanhamento e os objetivos de cada momento devem ser personalizados, baseados no impacto funcional das características apresentadas pela criança e em seu contexto social e familiar. A presença de outras condições associadas ao autismo também será considerada na condução do caso.

O seguimento em equipe multidisciplinar é fundamental para possibilitar formas abrangentes e múltiplas da criança com autismo se socializar, comunicar e comportar de forma funcional, sempre respeitando a individualidade da criança e os valores da família. Isso pode ajudar seu filho a sentir-se melhor na maneira com que ele interage com o mundo.

Algumas das terapias mais comumente necessárias incluem terapia cognitivo comportamental, terapia utilizando a ciência da análise do comportamento aplicada (ABA), especialmente na forma naturalística, fonoterapia, terapia de integração sensorial e fisioterapia motora.

Em algumas situações como agitação intensa, grande irritabilidade, agressividade e problemas de sono persistentes, que não respondem de forma satisfatória aos ajustes de rotina e terapias, causando comprometimento da qualidade de vida, pode ser necessário o uso de medicações.

A associação do transtorno de espectro autista com outras condições como a epilepsia também pode indicar a utilização de medicações.

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