O que é a epilepsia ausência da infância?
A epilepsia ausência da infância (EAI) pode acontecer em crianças com idade entre 2 e 12 anos (média 5-6 anos), e é um tipo de epilepsia caracterizada por múltiplas crises de ausência típica.
O que são as crises de ausência típica?
Nas crises de ausência típica o início e o término são abruptos e bem delimitados, quase como um liga e desliga. Observa-se parada abrupta da atividade motora. É como se a criança ficasse ‘aérea’ e sem responder por alguns instantes, mantendo os olhos abertos e a postura. Podem estar associadas a piscamento ou discretos movimentos na boca e membros. Geralmente têm duração curta (média de 10 segundos, na maioria das vezes menor do que 30 segundos).
Logo ao término da crise, a criança volta ao normal, como se nada tivesse acontecido e sem recordação do que ocorreu durante a crise. A respiração mais rápida e profunda (chamada de hiperpneia ou hiperventilação) pode provocar as crises.
E a criança pode ter outros tipos de crise além da ausência típica?
Sim, crises do tipo convulsiva, as quais costumamos chamar de generalizadas tônico-clônicas (numa parte o paciente fica com o corpo endurecido e na sequência tem contrações ritmadas de todo o corpo, até o término da crise) podem ocorrer na fase da adolesência.
O que causa a epilepsia ausência típica?
A epilepsia ausência da infância é herdada, geralmente pela combinação de múltiplos genes promotores e causadores da epilepsia vindos da mãe e do pai. É raro encontrar uma mutação genética específica. Alguns dos genes que podem ser encontrados são o da deficiência do GLUT1 (mutação no SLC2A1, quando início < 4 anos), GABRG2 e CACNA1A.
E como é o histórico da criança que tem epilepsia ausência da infância?
A criança pode ser menino ou menina (ocorrência semelhante nos dois sexos), com histórico de pré-natal, parto e desenvolvimento neurológico normais. Cerca de 15-20 % podem ter o antecedente de crise febril.
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e Transtorno de Aprendizagem podem ocorrer neste tipo de epilepsia. Portanto, é importante que o médico do seu filho esteja atento e busque os sintomas destas duas condições.
É preciso fazer algum exame para o diagnóstico?
O diagnóstico da EAI se baseia na história clínica e exame físico, e é confirmado pelo eletroencefalograma (EEG). O EEG deve ser realizado com a criança dormindo e acordada, com realização da estimulação por luzes piscantes (fotoestimulação intermitente) e hiperpneia (manobra que costuma provocar as crises de ausência típica).
Neste exame, encontra-se a atividade de base normal (forma como o cérebro funciona a maior parte do tempo) e paroxismos epileptiformes de complexos de espícula-onda ritmados entre de 2,8-3,5 segundos de projeção em todos os canais de eletrodos (também chamada projeção generalizada).
Em um terço das crianças, podem ser encontrados também ondas lentas de aspecto rítmico nas regiões posteriores da cabeça (occipital bilateral, também chamadas OIRDA)
E é necessário pedir algum outro exame da cabeça?
Os exames de ressonância magnética e tomografia de crânio não costumam ser solicitados nos casos típicos da epilepsia ausência da infância, pois não trazem informações relevantes e costumam vir normais, ou com achados incidentais e sem valor no entendimento do caso.
E existe um tratamento para as crises?
Sim, o controle pode ser obtido com o uso de medicamentos como ácido valpróico ou divalproato de sódio, etossuximida e lamotrigina.
O meu filho terá essas crises para sempre?
Na maioria dos casos (cerca de nove em cada dez crianças), a epilepsia se resolve até o final da adolescência.
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